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27 de jun. de 2007

Considerações no Livro do Profeta Isaías

Parte 10
Além disso, o poder das descrições de Isaías é notavelmente vívido e pode ser observado nos quadros de desolação, freqüentes nos seus escritos, especialmente nos capítulos 13, 14 e 34, exemplificados a seguir: — Babilônia, a jóia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em geração; o arábio não armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores farão ali deitar os seus rebanhos. Porém, nela, as feras do deserto repousarão, e as suas casas se encherão de corujas; ali habitarão os avestruzes, e os sátiros pularão ali. As hienas uivarão nos seus castelos; os chacais, nos seus palácios de prazer; está prestes a chegar o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão (13:19-22). — Reduzi-la-ei a possessão de ouriços e a lagoas de águas; varrê-la-ei com a vassoura da destruição, diz o Senhor dos Exércitos (14:23). — Mas o pelicano e o ouriço a possuirão; o bufo e o corvo habitarão nela. Estender-se-á sobre ela o cordel de destruição e o prumo de ruína. Já não haverá nobres para proclamarem um rei; os seus príncipes já não existem. Nos seus palácios, crescerão espinhos, e urtigas e cardos, nas suas fortalezas; será uma habitação de chacais e morada de avestruzes. As feras do deserto se encontrarão com as hienas, e os sátiros clamarão uns para os outros; fantasmas ali pousarão e acharão para si lugar de repouso. Aninhar-se-á ali a coruja, e porá os seus ovos, e os chocará, e na sombra abrigará os seus filhotes; também ali os abutres se ajuntarão, um com o outro (34:11-15).
Há, ainda, as passagens idílicas, das quais cita-se a seguinte à guisa de exemplo: — Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente (40:11).
Não se pode deixar de citar, também, a descrição do murmúrio das águas: — Ai do bramido dos grandes povos que bramam como bramam os mares, e do rugido das nações que rugem como rugem as impetuosas águas! Rugirão as nações, como rugem as muitas águas, mas Deus as repreenderá, e fugirão para longe; serão afugentadas como a palha dos montes diante do vento e como pó levado pelo tufão (17:12-13).
Cabe também falar sobre o quadro que o profeta elabora de um exército que marcha sobre Jerusalém: — A Assíria vem a Aiate, passa por Migrom e em Micmás larga a sua bagagem. Passa o desfiladeiro, aloja-se em Geba, já Ramá treme, Gibeá de Saul foge. Ergue com estrídulo a voz, ó filha de Galim! Ouve, ó Laís! Oh! Pobre Anatote! Madmena se dispersa; os moradores de Gebim fogem para salvar-se. Nesse mesmo dia, a Assíria parará em Nobe; agitará o punho ao monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém (10:28-32).
É importante, igualmente, observar que a energia e a força do estilo literário de Isaías baseiam-se no uso efetivo que ele faz da retórica. Pela repetição da mesma idéia, com diferentes palavras, várias vezes, o profeta consegue produzir uma profunda impressão em seus leitores. Tal impressão está calcada tanto na seriedade como na importância dos pontos sobre os quais ele fala reiterada vezes: — Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniqüidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o Senhor, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás (1:4). — E, novamente, a mesma idéia retorna, com roupagem nova: — Porque foste a fortaleza do pobre e a fortaleza do necessitado na sua angústia; refúgio contra a tempestade e sombra contra o calor; porque dos tiranos o bufo é como a tempestade contra o muro... (25:4).
— Quem na concha de sua mão mediu as águas e tomou a medida dos céus a palmos? Quem recolheu na terça parte de um efa o pó da terra e pesou os montes em romana e os outeiros em balança de precisão? (40:12) — Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho de entendimento? (40:14).
Ou ainda: — Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido (53:4). — Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (53:5).

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