Parte 13
Somente depois que Isaías foi dividido em fragmentos e o conteúdo das diferentes partes foi dissecado, é que ocorreu aos críticos os argumentos a respeito dos vários estilos. Tanto isso é verdade que, nos dias de hoje, tais argumentos perderam importância. Neste sentido, admite-se que as questões de estilo são muito mais matéria de gosto, razão pela qual não há unanimidade a esse respeito. Supõem-se que o “Grande Desconhecido”, caso seja mesmo um autor diferente, com freqüência imitava o estilo de Isaías e conhecia suas profecias de cor.
Logicamente, é difícil admitir que sete estilos diferentes possam ser identificados, correspondendo aos sete autores da lista de Ewald. O máximo que se tentou provar efetivamente foram dois estilos, um antigo e o outro mais recente. Todavia, mesmo assim, não se obteve êxito na tentativa. Na Alemanha, berço dos principais teólogos conhecidos, a unidade de estilo, em Isaías, foi afirmada, apesar das teorias contrárias terem nascido lá. Mais recentemente, advogou-se a teoria de que a separação deve ser feita, uma vez que a unidade de estilo não implica, necessariamente, na existência de apenas um único autor. Assim, “Isaías” pode ser o trabalho de vários autores, embora o estilo seja uniforme.
Não obstante, a questão de que “Isaias” é, ou não, o trabalho de um ou mais autores deve ser considerada apenas como um problema de interesse literário, e jamais como um tema de importância teológica. Ninguém tem dúvida de que o livro existiu, na forma como chegou aos dias e hoje, e foi aprovado pelo cânon judaico como uma porção inspirada da Palavra de Deus. Assim, deve-se entender que o Livro de Isaías é o mesmo, não importando se é o trabalho de um, de sete ou de setenta profetas. Tal controvérsia deve, pois, ser tratada sem paixões, constituindo-se mais em matéria de especulação literária do que numa questão de unidade de autoria.
Os argumentos a favor da unidade de autoria, por outro lado, são muitos e podem ser divididos em externos e internos. Os primeiros, os mais importantes, são de que as várias traduções, especificamente a Septuaginta, fornecem evidências de que, por volta do ano 250 a.C., todo o conteúdo do livro foi atribuído a Isaías, o filho de Amoz. Analogamente, diz-se que os Salmos foram atribuídos a Davi, embora muitos não tenham sido compostos por ele. Assim, os tradutores da Septuaginta nominaram o Livro dos Salmos, simplesmente, com a palavra “Salmos” e, ao titularem, os diversos Salmos atribuíram várias outras autorias, como Davi, Moisés, Jeremias, Asafe, Zacarias e outros.
Outro testemunho externo da autoria do Livro de Isaías é o de Ben Sirac, autor do livro apócrifo Eclesiástico, o qual consta na bíblia romana. Tal escritor, provavelmente, viveu por volta do ano 180 a.C. e, enfaticamente, atribuía a Isaías, o contemporâneo de Ezequias, a porção questionada do livro que os teóricos querem atribuir a outros autores de uma época posterior (Cf. Eclesiático 48:18-24 — Alguns deles fizeram o bem, outros multiplicaram as faltas. Ezequias fortificou a sua cidade e conduziu a água para o seu centro, com ferro cavou a rocha e construiu cisternas. No seu tempo, Senaqueribe pôs-se em guerra e enviou Rabsaces, ele levantou a mão contra Sião, na insolência de seu orgulho. Então seus corações e suas mãos tremeram, sofreram como as parturientes. Invocaram o Senhor misericordioso, estendendo suas mãos para Ele. Do céu o Santo os escutou imediatamente e livrou-os pela mão de Isaías. Ele feriu o acampamento dos Assírios e o seu anjo os exterminou).
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