26 de set. de 2007
A Morte
“Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor”. Romanos 14.8
Ao ler a Bíblia (NTLH), me deparei com este texto, em Eclesiastes 8.8 — Ninguém tem o poder de dominar o vento, nem segurá-lo. Assim também ninguém pode evitar a morte, nem deixá-la para outro dia. Nós temos que enfrentar esta batalha, e não há jeito de escapar.
O Pregador, autor do livro de Eclesiastes, fala aqui com muita clareza da inevitabilidade da morte. A existência humana é marcada com a espera do dia final de cada um de nós. Talvez você esteja se questionado se continuará a me ouvir, ou não.
Alguém já disse que a morte é o único assunto que não é mencionado nestes nossos tempos em que se fala de tudo. A tecnologia médica, o aumento da expectativa de vida dos cidadãos do mundo ocidental e o desejo ardente do ser humano pela imortalidade, tentam nos convencer que podemos vencer a morte. Porém, ignorar nossa mortalidade, não a afasta. As pessoas continuam morrendo, mesmo que tentem adiar o momento final.
Talvez não achemos difícil aceitar a morte como tal, visto que somos constantemente levados a encará-la em nosso meio ambiente. Mas, reconhecer que algum dia EU haverei de morrer, ou alguém bem próximo a mim, faz o assunto elevar-se da mera especulação acadêmica.
Fisicamente o ser humano morre como qualquer animal. Entretanto, é preciso lembrar que somente nós, humanos, temos consciência deste fato. Isto nos torna diferentes dos animais irracionais.
E a Bíblia? Como ela vê a morte? Precisamos conhecer a perspectiva bíblica sobre o assunto. Em primeiro lugar, a morte é vista como o juízo divino contra o pecado . Veja só em Romanos 6.23 — Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus , nosso Senhor (NVI).
Se a morte é conseqüência do pecado, então o poder da morte só poderá ser removido se o pecado for removido da vida humana. E o texto acima é claro em afirmar que recebemos a vida quando estamos em Cristo. Não existe outra alternativa. Sei que não cabe muito bem enfatizar a singularidade de Cristo nestes tempos relativistas. Diriam alguns que não é politicamente correto, ou no mínimo constrangedor, afirmar a mensagem da esperança humana somente em Cristo Jesus. Mas, nosso compromisso tem que ser com a verdade. E a verdade é essa: Só recebemos a vida eterna através do sacrifício de Cristo, na cruz do calvário.
Em segundo lugar, a cruz alterou a forma da morte. Para aqueles que confiam em Cristo, a morte não tem a palavra final. Temos uma esperança viva, que permanece mesmo quando o céu está nublado, quando nos encontramos desanimados e abatidos, quando o inevitável ocorre, somos renovados por esta ardente expectativa. A morte foi derrotada na morte de Cristo. Fora de Cristo a morte é o inimigo supremo, o símbolo da alienação de Deus. Porém, temos conosco a certeza das palavras de Jesus no Evangelho de João 5.24 — Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida.
A cruz de Cristo é a esperança da glória final. Jesus olhava além da sua morte, para a sua ressurreição, além dos seus sofrimentos, para a sua glória. A esperança da glorificação torna o sofrimento suportável. A perspectiva essencial a desenvolver é a do propósito eterno de Deus. — Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós (Romanos 8.18).
A cruz de Cristo é a prova do amor solidário de Deus, isto é, sua solidariedade pessoal e amorosa para conosco em nossa dor. Pois o verdadeiro aguilhão da morte não é o infortúnio em si, nem mesmo a sua dor ou a sua injustiça, mas, aparentemente, sermos abandonados por Deus. A dor pela perda é suportável, mas a aparente indiferença de Deus o não é. Às vezes, o vemos como alguém cansado de seus afazeres, tal como no filme “Deus é brasileiro”, tirando uma soneca numa cadeira de balanço celestial, enquanto milhões de pessoas morrem e outras tantas sofrem por isto. Pensamos em Deus, como um espectador, desfrutando seu isolamento das criaturas finitas.
É essa terrível caricatura de Deus que a cruz desfaz em pedaços. Não devemos vê-lo numa cadeira de balanço, mas numa cruz. O Deus que nos permite sofrer, ele próprio uma vez sofreu em Cristo, e continua a sofrer conosco e para nós hoje. Cristo carregou os nossos pecados e morreu a nossa morte por causa do seu amor e justiça.
E em último lugar, a morte é um ganho para os crentes, porque estarão mais perto de Cristo. Não falamos sobre isso como escapismo e rejeição à vida, mas como um anelo real de uma vida eterna com Deus, onde Ele enxugará toda lágrima e extirpará toda dor que arde em nosso coração.
Entre os crentes pode haver tristeza por causa da perda de um ente querido, mas essa tristeza é pela saudade que a pessoa deixa, e não o desespero pela incerteza do seu destino final. Em nosso coração existe a firme convicção de que nos encontraremos com Deus na glória.
No final dos anos 80, era moda entre alguns jovens evangélicos, o uso de um bottom com uma mensagem evangelística. Ele era bem grande e nele estava escrito: quem nasce uma vez, morre duas e quem nasce duas vezes, morre uma.
Isto significa dizer que aquele que nasce da carne, morre espiritualmente e fisicamente, porém, aquele que nasceu da carne e do Espírito, só morre fisicamente.
O céu parece não estar na agenda da igreja pós-moderna, que hereticamente o abandonou em troca das promessas anunciadas nas campanhas de fé, curas e prosperidade, carregadas do triunfalismo mundano, e não conforme o que a Escritura afirma.
Somos peregrinos e aguardamos a nossa pátria real. As ideologias humanas surgem e são suplantadas por outras. O homem sem Deus vive abatido e sem esperança. Nunca se viu um tempo como o nosso. A apatia do pós-modernismo permeia com pessimismo todo projeto humano. Os cristãos, por sua vez, são confiantes no futuro. Nossa esperança é um porto seguro onde podemos nos abrigar, em meio ao temporal do mundo.
Existe a firme certeza de que não seremos abandonados pelo caminho, que seremos preservados até o fim. Se nós crentes nos atrevemos a dizer, como na verdade o fazemos, que ao morrer vamos para o céu e que estamos seguros da salvação final, não é porque cremos que somos justos, nem porque somos fortes, nem auto-suficientes, mas, pelo contrário, porque confiamos no amor inalterável de Deus, no amor que jamais poderá nos desamparar.
Pr. Isaías Lobão Pereira Júnior
GRAÇA E PAZ DO SENHOR JESUS
ResponderExcluirENQUANTO QUE PARA O INCREDULO A MORTE VEM A SER O FIM DA VIDA, PARA NÓS É A REVELAÇÃO DA GLORIA DE DEUS E A CONTINUAÇÃO INTEGRAL DA VIDA QUE RECEBEMOS QUANDO ELE NOS RESGATA DA MORTE ETERNA EM QUE JÁ ESTAVAMOS MESMO EM VIDA.
CELIO ROBERTO
Caro irmão Célio Roberto:
ResponderExcluirMais uma vez o seu comentário é muito pertinente. Fique na paz do Senhor Jesus,
Pr. Pedro