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10 de mai. de 2008

A JUSTIFICAÇÃO


A justificação é um ato de Deus instantâneo, eterno, gracioso, livre e judicial, pelo qual, devido ao mérito do sangue e da justiça de Cristo, um pecador arrependido e crente é livrado da penalidade da Lei, restaurado ao favor de Deus e considerado como possuindo a justiça imputada de Jesus Cristo. Em virtude disso, o crente recebe a adoção como filho de Deus.
Deus é o autor da justificação. O homem nada tem que ver com a sua justificação, salvo para recebê-la através da fé que o Espírito Santo o habilita a exercer. A Escritura declara: É Deus quem justifica. (Rm 8.33). E outra vez lemos: Sendo justificados livremente pela Sua (de Deus) graça por meio da redenção que está em Cristo Jesus (Rm 3.24). Podemos dizer que Cristo nos justifica no sentido de que Ele pagou o preço da nossa redenção.
A justificação é um ato e não um processo. Ocorre e está completa no momento em que o indivíduo crê. A justificação não admite graus ou fases. Por exemplo, a respeito do publicano lemos que ele desceu para sua casa justificado. Ele foi justificado completamente no momento em que colocou sua fé na obra propiciatória de Cristo. A justificação do crente está posta, sempre, em tempo passado. Em toda a Bíblia não há a mais leve alusão a um processo contínuo na Justificação.
Quando alguém se justifica, justificado está por toda a eternidade. A justificação não pode jamais ser revogada ou revertida. É uma vez por todo o tempo e eternidade. Por essa razão, Deus pergunta: Quem lançará qualquer acusação contra os eleitos de Deus? (Rm 8.33). Cristo pagou inteiro resgate e fez completa satisfação por todos os crentes. De outra maneira, Cristo teria de morrer outra vez, ou então o crente cairia em condenação pelos seus pecados futuros. Mas lemos que a oferenda de Cristo se fez uma vez por todas (Hb 10.10), e que o crente não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida (Jo 5.24).
O crente já passou o juízo. Foi julgado e absolvido completamente e eternamente. Paulo ensinou uma justificação eterna e imutável que se mostra no fato dele se sentir chamado a defender sua doutrina contra os ataques dos que defendiam a licença ao pecado. Essa é a acusação que se faz hoje contra a doutrina da justificação.
Lemos também em Hb 10.14 — Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. — É verdade que são os santificados que estão sob consideração neste texto, mas ele é aplicável aos justificados também. Porque, santificados e justificados são um. Se os santificados são aperfeiçoados para sempre, assim são os justificados. A perfeição aqui é a de estar diante de Deus.
O pecador não merece nada das mãos de Deus, exceto condenação. Logo, a justificação é inteiramente de graça. Está assim estabelecido em toda a Escritura, exceto por Tiago que empregou o significado secundário do termo. No sentido primário do termo, entretanto, a justificação nunca está representada como sendo através das obras, ou da obediências do homem. (Vejam Rm 3.20; 4.2-6; Tito 3.5).
Enquanto a justificação é na base da obra meritória e expiatória de Cristo, contudo, da parte de Deus, ela é livre e espontânea, posto que Deus-Pai não estava sob nenhuma obrigação de aceitar a Cristo como nosso substituto.
A justificação, no sentido primário, é um termo forense ou legal. É um ato do tribunal do céu. Não faz o crente internamente justo ou santo. Torna o crente justo apenas aos olhos de Deus. Muitos confundem a justificação com a santificação, mas elas não são a mesma coisa. Justificação é apresentada como o oposto de condenação, ao passo que santificação como o oposto de uma natureza pecaminosa. (Rm 5.18).
Os fundamentos da justificação são o sangue e a justiça de Jesus Cristo. A fé é um meio de justificação, mas não é o fundamento dela. Nada no homem é fundamento da justificação. Deus requer perfeição. O homem, por causa da depravação da carne, não pode render obediência perfeita, mesmo depois da regeneração. Por essa razão, a justificação deve achar seu fundamento fora do homem.
A justificação toma tanto o sangue como a justiça de Cristo para constituir o seu fundamento. O Seu sangue nos justifica negativamente, Sua justiça, positivamente. Em outras palavras, o sangue paga a penalidade pelos nossos pecados, e a justiça dá posição positiva perante Deus.
Não há contradição entre Tiago e Paulo quanto ao fundamento da justificação. Paulo simplesmente usou a palavra grega dikaioo no seu sentido primário, para significar fazer alguém legalmente justo, ao passo que Tiago a usou no seu sentido secundário, para significar como alguém se mostra e prova estar justo. O mesmo uso que Tiago faz do termo pode-se achar também em Mt 11.9 e 1 Tm 3.16. Paulo ensina que nos é dada uma posição justa diante de Deus pela fé. Tiago ensina que provamos nossa justificação pelas nossas obras.
Há tanta necessidade de reconciliar Tiago consigo mesmo, como de reconciliar Tiago com Paulo, porque Tiago afirma que Abraão creu em Deus e que isso lhe foi reconhecido como justiça. (Tiago 2.23).
A fé em Cristo é o meio de justificação. Isto é, pela fé é que a justificação é aplicada. Ninguém se justifica, senão os que crêem. A fé é logicamente anterior à justificação, ainda que não cronologicamente anterior. A justificação é através da fé, porque a justificação é só uma de uma série de atos pelos quais Deus nos ajusta para Seu reino, aqui e além. Sem fé a justificação nada e não ajudaria a realizar o propósito de Deus em nós.
A fé não tem mérito em si mesma. Ela não é aceita em lugar da nossa obediência. Nem ela produz um rebaixamento do padrão de Deus, de modo que possamos ganhar favor com Deus pelas nossas obras.
Em Rm 10.4 lemos — Cristo é o fim da Lei para justiça de todo àquele que crê. E Gl 3.13 diz — Cristo nos remiu da maldição da Lei fazendo-se maldição por nós.
Isso quer dizer que, para o crente, a Lei não é mais um instrumento de condenação. Os demônios se reuniram em tremenda fúria e atiraram seus dardos de condenação contra Cristo sobre o madeiro. Ele recebeu esses dardos no Seu próprio corpo na cruz, consumiu sua força e robou-lhes o poder de condenarem o crente. Por essa razão, o crente nunca entrará em condenação (Jo 5.24; Rm 8.1). Cristo morreu como substituto do crente, razão pela qual o crente é para a Lei como um morto.
Assim, a justificação não só alforria o homem da penalidade da Lei, mas o faz diante de Deus como alguém que nunca quebrou a Lei. A justificação torna o crente tão inocente perante Deus em relação à sua posição como Adão o foi antes de cair.
Ou seja, o crente não só é inocente perante Deus, mas é considerado como possuindo a perfeita justiça de Cristo. Logo, tanto quanto se considera a posição e o destino do crente, ele é reconhecido como sendo tão justo como Cristo. Glória a Deus por isso!
No amor de Cristo,
Pr. Pedro Corrêa Cabral

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